Por Anônima
Ilustração de Caia Colla
Tecnicamente, sou uma “jovem cientista” para a maioria dos editais que aplicam essa categoria. Às vezes, me incomoda essa denominação “jovem”. Tenho quase 35 anos, me viro sozinha, tenho boletos de gente grande para pagar. Dizer que sou uma “jovem” anula tudo isso?
Dizer que eu sou uma “jovem cientista” serve para eu me contentar e me conformar em minha posição na hierarquia acadêmica? Tenho graduação, mestrado, doutorado, 5 anos como pesquisadora de pós-doutorado (o famoso pós-doc). Dezenas de publicações, centenas de citações, participação em bancas de graduação e pós. E, mesmo assim, sou uma cientista em início de carreira? Quando é que essa carreira começa? Quando é que ela deslancha? Onde está a linha de chegada nessa corrida?
Qual o lugar de uma “jovem cientista”? É um limbo de (i)maturidade? Uma adolescência acadêmica? Jovem demais para ocupar um cargo de chefia, para ter estabilidade na carreira, para ser levada a sério. Velha o suficiente para acumular responsabilidades e atribuições, servir como uma engrenagem na máquina produtivista, ser cobrada como uma profissional completa, mesmo que, numa reunião científica, você seja a única que não tem vínculo empregatício, não tem salário e, terminado o projeto atual, você sai de lá com uma mão na frente e outra atrás.
A adolescência é marcada por questionamentos. Seria essa a vocação maior da etapa de “jovem cientista”? Questionar o sistema que nos impõem esse título e que nos passa a mão na cabeça dizendo “muito bem, parabéns por saber brincar de fazer ciência tão direitinho! Mas não vai achando que seu espaço de gente grande tá garantido, hein?”
Mas uma “jovem cientista” de 35 anos, com anos de experiência na profissão-não-reconhecida de cientista, tem vontade de ser uma mulher adulta também. Como pensar em “adultezas”, como criar um espaço para chamar de seu (seja um aluguel que você decora a seu gosto ou uma casa própria), família (seja pela maternidade, cuidando de seus pais ou avós, ou qualquer outro papel familiar que você poderia exercer), aposentadoria etc., num sistema que te trata como uma adolescente?
Espero que não me entenda mal, nada contra ser jovem. Aliás, ser jovem é exaltado em nossa sociedade. Quantas vezes você já não ouviu “nossa, você nem aparenta sua idade!” como um elogio? A pressão estética por uma juventude eterna está escancarada em qualquer propaganda de cosméticos. E, claro, com um viés maior para as mulheres.
Às mulheres, não é dado o direito de envelhecer em paz. Simplesmente ter cabelos brancos, flacidez, rugas... Tudo isso precisa ser escondido, modificado.
Pois bem. Cá estou, uma “jovem cientista” com alguns cabelos brancos e outros tantos sinais de que estou de fato tendo o privilégio de ver as primaveras passarem. Mas parece que sigo na balança jovem demais/velha o suficiente.
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