Por Mariana Thévinin
Originalmente publicado em: https://www.oceanoparaleigos.com/oceanografia
A oceanografia, também conhecida como oceanologia ou ciências marinhas, é o ramo das geociências que estuda os oceanos, desde os estuários – onde a água do rio se mistura com a água do mar – até o oceano profundo. É uma ciência interdisciplinar que investiga os processos físicos, químicos, geológicos e biológicos dos oceanos e das zonas costeiras, seus limites e suas interações com a atmosfera, com os continentes e com a sociedade.
Os oceanos cobrem 70% da superfície terrestre e menos de 5% das suas águas são conhecidas, sendo um grande vasto campo para pesquisas e investigações. Os oceanógrafos estudam um grande número de processos, incluindo movimentação das placas tectônicas, erosão costeira, poluição marinha, circulação oceânica, recursos pesqueiros e diferentes ecossistemas marinhos, além das conexões entre os oceanos e o aquecimento global. Muitas descobertas feitas na área da oceanografia são o produto de esforços multidisciplinares e abrangentes envolvendo oceanógrafos e pesquisadores de todos os ramos da ciência, no intuito de compreender a interdependência que existe entre todos estes processos.
A oceanografia física se ocupa do movimento das águas (dinâmica das ondas, correntes e marés) e da interação oceano-atmosfera. Esta é a área que mais se preocupa com a previsão dos processos oceanográficos, como El Niño e mudanças climáticas. A oceanografia química estuda componentes químicos presentes na água do mar, seja orgânicos ou inorgânicos, buscando entender suas fontes, interações e perdas. A poluição marinha está relacionada principalmente com essa área. A oceanografia geológica estuda as rochas e os sedimentos. É a parte da oceanografia que estuda depósitos minerais no fundo oceânico e o processo de erosão costeira. A oceanografia biológica pesquisa os animais e vegetais marinhos, e suas relações com o ambiente, com ênfase nas relações ecológicas. Também se preocupa com o impacto das atividades antrópicas sobre esses organismos e com a produção pesqueira. A oceanografia social ainda é mais restrita que as áreas clássicas da oceanografia, mas não menos importante. Ela traz um diálogo com as ciências humanas, lidando com comunidades tradicionais (pescadores e marisqueiras), seus conhecimentos e seu território.
Esses profissionais utilizam uma variedade de métodos para a obtenção de informações oceanográficas, como instrumentos de medição in situ que medem a profundidade, velocidade, temperatura ou composição da água, e equipamentos de coleta de água, sedimento ou organismos. O sensoriamento remoto via satélites permite a obtenção de dados simultâneos ao longo do oceano global e em tempo real, melhorando principalmente a compreensão das propriedades oceânicas superficiais. Por outro lado, o uso de modelos numéricos permite a combinação de medições e teorias sobre o comportamento do oceano, para compreender os processos que ocorrem em toda a coluna d’água, por meio de simulações da circulação, propagação de ondas, transporte de sedimentos e dispersão de poluentes, nutrientes ou organismos.
No Brasil, embora a lei que regulamenta a profissão de oceanógrafo só tenha sido sancionada em julho de 2008 (Lei 11.760), a primeira faculdade de oceanologia foi implantada em 1970, na Universidade Federal do Rio Grande (FURG) – RS, e completou 48 anos de atividade em 2018. O mercado de trabalho do oceanógrafo abrange o setor público, principalmente universidades e órgãos federais, estaduais e municipais vinculados à temática ambiental; o setor privado, empresas que atuam na aquicultura e na pesca, na engenharia oceânica e na prospecção e produção de petróleo e gás; e organizações não governamentais, instituições ligadas a projetos de conservação e proteção da biodiversidade como os projetos Tamar, Peixe-Boi, Golfinho Rotador e Baleia Jubarte.
Fontes:
AOCEANO
O planeta azul - Uma introdução às ciências marinha, de João Schmiegelow.
Fundamentos de oceanografia, de Tom Garrison.
Livro sobre etnooceanografia : “Águas da Coréia: uma viagem ao centro do mundo numa perspectiva etnooceanográfica”, de Gustavo G. M. Moura
Sobre a autora:
Mariana é oceanógrafa, mestra em oceanografia física e fundadora do projeto Oceano para Leigos cuja missão é aproximar pessoas e oceano, por meio da popularização das ciências marinhas. Através das atividades do Oceano para Leigos, busca contribuir para uma sociedade bem informada e com participação crítica na gestão dos oceanos e seus recursos.
Parabens Mariana