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Produção científica traz visibilidade aos assédios em embarcações

Quem acompanha o Bate-Papo com Netuno já deve ter visto posts e materiais que produzimos sobre assédio nas ciências do mar.


Hoje, temos o maior orgulho de compartilhar nosso artigo, co-autorado por diversas integrantes da equipe, com dados científicos do primeiro levantamento sobre assédio em embarcações no Brasil: "Harassment and bullying aboard: Impacts of gender inequality on ocean professionals"




Confira abaixo o press release produzido pela Agência Bori e, ao final, links para outros materiais no nosso site!


Boas leituras e bora transformar essa realidade!



 
Quatro em cada cinco mulheres sofrem assédio ao estudar ou trabalhar em embarcações, revela pesquisa

Highlights

● Pesquisa sobre assédio sexual ou moral aplicou questionário online em 2021 a 260 trabalhadores de embarcações no Brasil

● Assédio sexual é mais frequente entre mulheres: são 35% casos contra 6% casos relatados por homens

● Denúncias de abuso a autoridades aconteceram em 18% dos casos sofridos por mulheres e em 12% dos casos sofridos por homens


Três em cada quatro trabalhadores (75%) de embarcações no Brasil já sofreram assédio moral ou sexual no ambiente de trabalho. Os casos mais frequentes — quatro em cada cinco — ocorrem com mulheres de 25 a 40 anos de idade em início de carreira e envolvem piadas sexistas e discriminatórias, segundo revelam depoimentos reunidos por pesquisadoras da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e instituições parceiras. A análise das práticas de assédio está descrita em artigo publicado na segunda (4) na revista científica “Marine Policy”.


Por meio de questionário online aplicado em 2021, as pesquisadoras tiveram acesso a relatos de 260 participantes, 197 mulheres e duas pessoas não-binárias. Os resultados indicam que 82% (161) das mulheres respondentes já sofreram assédio nas embarcações. Entre elas, houve 56 relatos de abuso sexual. De 60 homens participantes, 32 relataram terem sido vítimas de assédio, com somente 2 casos de abuso sexual. Um dado relevante é o perfil típico do agressor: homens em posição hierárquica superior à da vítima, independentemente de seu gênero.


Os dados mostram, ainda, que boa parte das vítimas não denuncia os abusos sofridos. Somente 18% das mulheres e 12% dos homens assediados relataram o abuso às autoridades.


Para Catarina Marcolin, pesquisadora da UFSB e autora do artigo, os resultados do estudo mostram que o assédio a mulheres tem contornos de natureza sexual, enquanto os homens vivenciam mais o assédio moral. Os números da pesquisa, produzida exclusivamente por mulheres, surpreenderam a equipe de cientistas. “Nós já imaginávamos que as mulheres deveriam sofrer mais assédio do que os homens, pois vivemos em uma sociedade estruturalmente machista, mas não pensávamos que os números seriam tão altos”, explica Marcolin.


Entre os vários impactos do assédio, os participantes listaram sintomas físicos, como falta de energia, insônia, tensão muscular e dores de cabeça. Psicologicamente, destacaram raiva, insegurança, sentimento de impotência e falta de motivação. “Um ponto que vale ser ressaltado é que faltam canais de comunicação eficazes para denúncias e equacionamento de problemas”, revela a autora.


A situação de violência se agrava por conta do confinamento próprio ao trabalho em embarcações, em que os indivíduos passam dias sem acesso à internet ou outras formas de contato com o mundo exterior. “Se acontece alguma situação naquele ambiente, você não tem para onde fugir, não tem como voltar para casa, a não ser que seja um episódio extremo”, explica Marcolin.


Para a pesquisadora este cenário transforma a pesquisa das ciências ambientais e marítimas em um ambiente hostil às mulheres, o que requer ações urgentes de conscientização sobre a violência para que ela não seja naturalizada. “Precisamos falar sobre o assunto e definir muito bem o que é assédio, em primeiro lugar, para que as pessoas reconheçam que estão assediando ou que estão sendo assediadas”, conclui.



Coleção: Ressoa Oceano




 

Para saber mais do assunto, acesse nossa área temática no site: https://www.batepapocomnetuno.com/assedio


 


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