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Como são medidos os parâmetros básicos dos oceanos?

Atualizado: 9 de dez. de 2020


Existem alguns instrumentos que estão constantemente presentes na vida daqueles que estudam os oceanos, seja porque o utilizam frequentemente ou porque usam os dados obtidos a partir desses equipamentos. O CTD é um bom exemplo.


Mas o que significa essa sigla tão falada pelos cientistas marinhos? As letras C-T-D significam conductivity, temperature e depth (condutividade, temperatura e profundidade). Esse instrumento, ou equipamento, possui três sensores:

  1. condutivímetro, mede a quantidade de sais presentes na água; essa quantidade é proporcional à quantidade de corrente elétrica que ela é capaz de conduzir; dessa forma, a partir do valor de condutividade da água do mar, é possível calcular a salinidade.

  2. termômetro, usado para medir a temperatura da água do mar.

  3. sensor de pressão, a partir desse dado em conjunto com a densidade da água e a força do campo gravitacional da Terra é possível calcular a profundidade de um determinado ponto da coluna d’água.


Sensores do CTD e suas capas de proteção. (Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/CTD_(instrument)#/media/File:CTD-me-details_hg.jpg com licença CC BY 3.0)

Esses sensores registram de forma contínua e precisa a temperatura e a salinidade em diferentes profundidades. A partir desses dados é possível entender a estrutura física da coluna d’água de uma determinada região, já que a partir dos dados de salinidade e temperatura é possível calcular a densidade da água do mar; e é variação nesse parâmetro a forçante (= causa) da circulação termoalina. Além disso, em conjunto com outros dados é possível identificar massas d’águas, estimar misturas e entender a distribuição e abundância de comunidades biológicas.


O CTD foi desenvolvido pelo oceanógrafo neozelandês e professor emérito do Instituto Oceanográfico Woods Hole, Neil Brown em 1969. Atualmente existem diversas empresas que fabricam esses equipamentos com diferentes especificações. Alguns só podem operar em águas mais rasas, com até ~ 500 m, e outros podem ser usados em colunas d'água mais profundas, com mais de 10 000 m. Isso é possível porque eles possuem uma carapaça de recobrimento, geralmente feita de titânio, para proteger os sensores da alta pressão.


Em uma expedição oceanográfica, o CTD, preso a um cabo, desce na coluna d’água a uma velocidade constante e aquisita os dados. O cabo ao qual o CTD está preso pode ser um cabo simples ou eletromeĉanico. Este segundo tipo permite a transferência de dados concomitantemente com a sua aquisição, assim é possível visualizar os dados em um computador enquanto o CTD ainda está na água, em tempo real. No caso de um cabo simples, os dados são armazenados na memória do equipamento e, quando ele é trazido a bordo, os dados são transferidos para um computador.


Sequência de lançamento do Rosette (Fonte: Bate Papo Com Netuno com Licença CC BY SA 4.0).

Dados sendo aquisitados pelo CTD ao longo da coluna d'água (Fonte: Bate Papo Com Netuno com Licença CC BY SA 4.0).

Na maioria das vezes, o CTD não é lançado na água sozinho. Em geral ele vai preso a uma estrutura similar a um carrossel chamada de rosette. A esta estrutura também são presas diversas garrafas, que podem ser do tipo Ninskin ou Go-Flo, usadas para coletar água em diferentes profundidades. Além disso, outros sensores podem ser lançados juntos com o CTD. Por exemplo, sensores para medir a quantidade de oxigênio dissolvido, pH e fluorescência - esse nos dá informações sobre a quantidade de organismos que contém pigmentos fotossintetizantes, ou seja, que produzem seu próprio alimento.



Rosette equipado com garrafas Ninskin sendo lançado na água (Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:CTDdeploy.jpg com licença CC BY-SA 3.0).

Dessa forma, O CTD é um instrumento imprescindível para estudos oceanográficos, que permite conhecer e entender as características ambientais de um determinado local para entender como o ambiente influencia na biodiversidade, possíveis impactos, flutuações na pesca, etc.


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