New Ocean
- batepapocomnetuno
- 4 de set.
- 3 min de leitura
Por Leonardo Cusatis
*texto publicado originalmente em julho de 2025 no site http://www.atlantis-t.org/newocean.html

O Oceano ainda esconde incontáveis mistérios. Essa última fronteira do nosso planeta nos desafia a ousar, a questionar modelos ultrapassados, a rasgar as malhas da rede do conformismo, a quebrar velhos paradigmas, a furar a bolha do “publicentrismo”, a sair da periferia, a romper monopólios, a pensar fora da caixa, a superar o complexo de vira-lata e mergulhar de cabeça até o abismo mais profundo, em busca do conhecimento.
O Brasil precisa de um centro de pesquisa oceânica, privado, independente, sem fins lucrativos, com projetos ousados e criativos que acelerem o conhecimento do nosso Oceano. Internacionalizado, engajado no movimento Open Science e alicerçado em inovação tecnológica.
Alguns desses projetos já existem e estão em desenvolvimento no LabTecMar. É preciso trabalhar em um ambiente que privilegie a ousadia, a criatividade, a intuição, o “olhar de canto de olho”, o pensamento disruptivo, a night science oceânica!
É isso que César Lattes, que no ano passado completaria 100 anos, quis dizer em uma das suas últimas entrevistas: “É preciso que haja também um ambiente criador…”.
Einstein também pensava nesse sentido: “Eu acredito na intuição e na inspiração. A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o mundo inteiro, estimulando o progresso, gerando a evolução. Ela é, rigorosamente falando, um fator real na pesquisa científica”.
As próximas décadas exigirão a criação de novas tecnologias para os desafios que a pesquisa oceânica enfrentará. A robótica (turbinada com IA) será uma das principais ferramentas. O LabTecMar já está desenvolvendo, há mais de uma década, algumas dessas tecnologias, com muita resiliência e determinação.
É preciso democratizar a pesquisa oceânica criando tecnologias mais baratas e acessíveis, para acelerar a exploração e o conhecimento do nosso vasto Oceano, em especial das planícies abissais, onde apenas 0,001% já foram visualizadas.
O trabalho desse novo Centro de Pesquisas também irá gerar material para um fantástico programa de divulgação científica, que poderá ser comparável ao da exploração espacial. É fundamental divulgar a ciência oceânica para atrair novos pesquisadores nas áreas de STEM (voltada ao oceano) e, ainda, despertar a cultura oceânica nesta e nas próximas gerações.
Mas de onde virão os recursos? Será criado um Fundo particular para captação de doações nacionais e internacionais de grandes doadores, o chamado Venture Philanthropy, semelhante ao do Instituto Serrapilheira. O mecenato científico deve ser mais estimulado e divulgado no nosso país. Vamos aproveitar o movimento mundial do The Giving Pledge, no qual bilionários prometem doar parte de suas fortunas ainda em vida. Faz bem fazer o bem! Um detalhe importante: o dinheiro desse Fundo não poderá ser usado, apenas os juros poderão ser utilizados, e também, as doações poderão ser resgatadas, com correção monetária, caso os doadores acharem que os resultados não foram os esperados. Aproveitando, gostaria de fazer um convite a esses grandes doadores para entrarem em contato com o LabTecMar.
O Instituto Woods Hole começou assim, há mais de 90 anos, com fundos da filantropia, criando seus próprios equipamentos e com isso gerando pesquisas inéditas. Hoje é a mais importante instituição privada de pesquisa oceânica do mundo.
Esse novo Centro terá a forma de um Observatório Oceânico onde as engenharias trabalharão em sinergia com as pesquisadoras e os pesquisadores oceânicos e também com os futuros oceanautas, desenvolvendo tecnologias inéditas e, consequentemente, pesquisas oceânicas inéditas. Será incentivada a igualdade de gêneros nos cargos de pesquisa e direção, dando também condições às pesquisadoras de conciliarem a maternidade com a pesquisa. Tudo com uma gestão científica profissional. Será um presente para a Década do Oceano. Ainda temos meia Década para concretizar esse sonho!
No último parágrafo do último capítulo do livro: “Fronteiras do Conhecimento em Ciências do Mar”, o nosso saudoso Professor Paulo Lana escreveu: “Acredito que a ideia de que podemos resolver os grandes problemas da ciência e da sociedade de forma linear e disciplinar está teórica e metodologicamente ultrapassada. As pessoas, grupos de pesquisa e instituições que derrubarem esse paradigma estarão na crista da onda para produzir conhecimento novo e relevante”.
Vamos “surfar” na crista dessa onda?! A imaginação é o limite!
Sobre o autor:

Sou formado em Ciências Biológicas pela UFPR, sou Inventor e fundador do LabTecMar, que desde 2011 desenvolve novas tecnologias para pesquisa e exploração oceânica.
E antes de tudo sou um visionário. Participei de dois cruzeiros oceanográficos a bordo do saudoso Besnard. Foi quando fui definitivamente “fisgado por Netuno”.
Minha missão é colaborar para a criação de um Centro de Pesquisa Oceânica, particular e independente, no Brasil.
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