top of page

Resultados da Busca

528 resultados encontrados com uma busca vazia

  • Para quem tem medo de tubarão

    Por Antonio Mattos Levorin e  Gabriel Yudi Campana Narumya Ilustração de Natasha Hoff . Quase sempre que se fala em tubarão a principal palavra associada é “ataque” ou “fatal”. Na realidade, isso não é bem assim. Primeiro porque o termo “ataque” não é o mais adequado, pois o que acontece é um encontro acidental, sem querer, um incidente. Afinal, o tubarão não nada por aí pensando em agredir um ser humano. Segundo, porque o número de incidentes com  tubarões  é muito baixo. Muito baixo mesmo! Por exemplo, em 2022, apenas 5 pessoas morreram no mundo por incidentes com  tubarão. Em comparação, morrem por ano, em média, 150 pessoas por queda de coco na cabeça.   Sim, é isso mesmo! Se é para se preocupar com alguma força da natureza assassina, que tenhamos medo dos cocos (imagine se, ao invés de uma maçã, Newton recebesse um coco na cabeça?!). Mas, então, já que a chance de uma pessoa ter um incidente com um tubarão é tão pequena, por que estamos constantemente com medo quando entramos no mar, e, por que parece que sempre estamos escutando sobre incidentes? Para entender porque sentimos tanto medo dos tubarões, é preciso olhar um pouco para o passado. A imagem do tubarão como devorador de pessoas foi sendo construída ao longo da história. No século XVIII, um naturalista renomado chamado Carolus Linnaeus, que viveu entre os anos 1707-1778,  criou o que seria a base para a classificação e nomeação dos seres vivos como conhecemos hoje. Seu trabalho foi essencial para o andamento da ciência e para o surgimento de sistemas mais complexos de classificação dos seres vivos, mas também foi uma das causas para essa imagem dos tubarões que temos hoje. Ao descrever as espécies, Linnaeus atribuiu algumas características, que hoje em dia, sabemos que não são as mais adequadas para estudos de classificação. Uma dessas foi a de que tubarão branco “ataca”, “tem dentes de armadura” e que seria o provável responsável por “devorar Jonas”. Essa é uma possível interpretação de uma passagem bíblica sobre quando “um grande peixe” engoliu o personagem. Ou seja, as evidências de que os tubarões atacam e comem as pessoas não eram bem claras… Porém, isso foi suficiente para criar essa imagem ameaçadora, e ela foi sendo reforçada e difundida ao longo do tempo, principalmente pela mídia. Um dos problemas de como a mídia lidou com esses “encontros com tubarões” foi a forma com que classificou essas interações: na enorme maioria das vezes, criou-se uma visão mais sensacionalista (que chama mais atenção dos leitores) de categorizar os encontros como “ataques”, quando, na realidade, existe uma grande variedade de interações com os tubarões, e já vimos que os incidentes e fatalidades são uma parte muito pequena disso. Tudo isso foi potencializado no fim do século passado quando, em 1975, estreou o grande sucesso do cinema “Jaws” (que em inglês significa mandíbula, mas, no Brasil, o filme foi chamado apenas de Tubarão), consolidando essa imagem que as pessoas já tinham dos tubarões como “monstros com gosto por carne humana”.  Apesar de todo esse medo e esses mitos sobre os tubarões, muitos estudos sobre o comportamento desses animais foram feitos, e há um consenso na comunidade científica: seres humanos não estão no “menu” dos tubarões. A maioria dos acidentes que envolvem mordidas não são fatais, e os animais costumam “cuspir” após a mordida. Então, o que pode estar causando esses acidentes? Na maioria das vezes, as vítimas de mordidas são surfistas e bodyboarders. Isso pode acontecer porque eles provavelmente são confundidos pelos tubarões com outros animais aos quais se assemelham, como tartarugas ou lobos-marinhos. Existem também, outros fatores que podem estar contribuindo para que acidentes com tubarões aconteçam com uma frequência maior do que a esperada, como foi o caso da cidade de Recife entre 1992 e 2006. Lá, a construção do Porto de Suape possivelmente levou ao deslocamento de tubarões-cabeça-chata para longe de áreas previamente utilizadas para reprodução e alimentação costeira. Esses tubarões, seguindo as correntes predominantemente para norte, podem ter migrado para o estuário do Rio Jaboatão, próximo a canais frequentados por humanos. No rio Jaboatão, ocorre o descarte de sangue e vísceras, e ele deságua justamente na região em que foram registrados os acidentes com tubarões (dê uma olhada no mapa abaixo). Um caso bastante semelhante foi observado em Mogadíscio, na Somália, onde um aumento drástico no número de acidentes com tubarões ocorreu depois da construção de uma estrutura portuária na região, associada à operação de um matadouro já existente. Esse cenário, por sua vez, pode ser agravado pela destruição de seus habitats naturais, como recifes de corais e manguezais, devido à poluição e às mudanças climáticas. A perda desses habitats pode levar esses peixes a procurar alimentos em regiões próximas às praias, aumentando, portanto, as chances de contato com humanos. Mapa ilustrativo mostrando a localização do Matadouro Municipal de Jaboatão, Rio Jaboatão e do Porto de Suape e o fluxo dos tubarões após a construção do porto em 1978. Produzido pelos autores, Antonio Mattos Levorin e  Gabriel Yudi Campana Narumya. Licença  CC BY 4.0 Os tubarões são predadores de topo nas cadeias alimentares marinhas e, por isso, desempenham um papel crucial na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas. Eles ajudam a controlar populações de peixes, impedindo que espécies específicas se tornem superpopulosas e ameacem o equilíbrio ecológico. Com o declínio das populações de tubarões devido à pesca predatória e à destruição de habitats, observa-se um efeito cascata, com desequilíbrios que afetam desde pequenos peixes até organismos de maior porte. Homem devorador de tubarão. Imagem produzida através de Inteligência Artificial  (Microsoft Copilot AI) pelos autores Antonio Mattos Levorin e  Gabriel Yudi Campana Narumya. Licença  CC BY 4.0 Ter medo de tubarões, como vimos, pode ser um exagero (já que os encontros com mordidas ou fatalidades são muito raros em humanos), mas o que ocorreu e vem ocorrendo com os tubarões em resposta a esse medo não é justificável. Por ano, são mortos cerca de 80 milhões de tubarões (2019). Se alguém deveria ter medo, são os tubarões de nós, humanos, e não o contrário. Referências  Neff, Christopher, and Robert Hueter. "Science, policy, and the public discourse of shark “attack”: a proposal for reclassifying human–shark interactions." Journal of environmental studies and sciences  3 (2013): 65-73. Hazin, Fábio HV, George H. Burgess, and Felipe C. Carvalho. "A shark attack outbreak off Recife, Pernambuco, Brazil: 1992–2006." Bulletin of Marine Science  82.2 (2008): 199-212. Sobre os autores: Sobre Gabriel: Estudante de licenciatura e bacharelado em Ciências Biológicas pela USP, com enfoque em educação básica e Ensino por Investigação. É estagiário na área de Biologia no Colégio Bandeirantes e professor voluntário no Cursinho Popular da FFLCH, além de atleta universitário e melhor amigo do Antônio. Sobre  Antônio:  Estudante de licenciatura e bacharelado em Ciências Biológicas pela USP, com enfoque em educação básica e pesquisa em Ciência da Conservação com a Profa. Dra. Renata Pardini. É estagiário pela CETESB e professor voluntário no Cursinho Popular da FFLCH, além de atleta universitário e melhor amigo do Gabriel. Gabriel e Antônio elaboraram este texto como projeto da disciplina “Divulgação Científica e cultura Oceânica”, ministrada pela editora do BPCN e Prof.ᵃ Dr. ᵃ Cláudia Namiki, do curso de Bacharelado em Oceanografia do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo.       #DescomplicandoNetuno #Tubarão #AcidenteComTubarões #Convidado

  • Viagem para o espaço: Aperte os cintos e traga uma microalga de companhia!

    O sonho de conquistar o espaço ainda parece distante, mas amigos verdes e microscópicos podem ser a porta de entrada para nos aproximar das estrelas. Por Marcus Vinicius Tavares e  Victor Hugo Gouveia Ilustração de Joana Dias Ho. Quando olhamos para o céu noturno, observando as estrelas, é fácil nos pegar em devaneios e imaginar como seria explorar a imensidão das galáxias para além de nossos lares. O impulso em conquistar novas fronteiras e a curiosidade em chegar ao desconhecido se reflete em uma gama de obras de ficção sobre esses temas e as nuances humanas que os permeiam. No cinema, filmes como “Interstellar” (2014) e “Perdido em Marte” (2015) nos mostram visões distintas, mas complementares, sobre como seria viver num espaço distante. Em “Interstelar ” , a humanidade se vê obrigada a encontrar um novo lar para sobreviver, enquanto o segundo traz uma jornada de resiliência e adaptação ao inesperado. Nessas obras, quase sempre existem máquinas produzidas a partir de uma tecnologia muito avançada que provém a manutenção da vida no espaço. Mas, na vida real, existe uma tecnologia em desenvolvimento que faz uso de organismos microscópicos do nosso planeta. Atualmente, os esforços de exploração do espaço concentram-se nas estações espaciais orbitando o planeta Terra e nas expedições espaciais para Marte. Como a sonda Europa Clipper , recentemente (14-out-2024) enviada pela NASA para uma das luas do planeta Júpiter. Europa, satélite natural de Júpiter. Fonte: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/Kevin M. Gill com licença CC BY 3.0 Para que todas essas expedições sejam bem-sucedidas, cientistas e engenheiros  desenvolveram o que chamamos de “Bioregenerative Life Support Systems” (BLSS), em tradução livre: sistemas bioregenerativos de apoio à vida, para que o ambiente das naves e estações espaciais sejam adequados à sobrevivência dos astronautas, reciclando água, gás oxigênio (O2) e comida. A ideia de que essas instalações precisam funcionar o máximo possível como um sistema fechado e autossustentável  é o que implica na necessidade do B na sigla. Se os sistemas possuem a capacidade de se manter e se replicar, então há menos necessidade de que as bases do planeta Terra enviem energia e suprimentos às bases extraplanetárias. Caso contrário, estaríamos lidando com uma logística extremamente cara e longa: Júpiter e Marte não podem ser acessados facilmente chamando um motorista de aplicativo em casos de emergência. Do que esses BLSSs são compostos, afinal? Quais os desafios para mantê-los? Esses sistemas híbridos são projetados para combinar tecnologias físico-químicas com reatores biológicos. Estudos mais recentes buscam posicionar as microalgas, seres fotossintetizantes microscópicos, como “fábricas” de alimentos e O2 para a exploração espacial. Essas microalgas desempenham várias funções cruciais no BLSS, incluindo a regeneração de oxigênio através da fotossíntese, a absorção de dióxido de carbono e a produção de alimentos ricos em proteínas para os astronautas.  Microalga fotossintetizante Spirogyra sp. ( Fonte: Felipe Kenji Honda com licença CC BY-NC-ND). Microalgas, como Chlorella  e Spirulina , podem ser uma solução sustentável e eficiente devido à sua capacidade de crescer em ambientes adversos e possibilidade de serem cultivadas em resíduos humanos e nutrientes do solo marciano (regolito). No entanto, ainda existem desafios, como a adaptação das condições de cultivo para microgravidade e radiação espacial.  As algas também são  uma alternativa mais eficaz do que plantas, pois produzem biomassa comestível mais rápido, utilizando menos água e luz. Alguns cientistas estudam e defendem a possibilidade da terraformação — processo de modificação de um corpo celeste para deixá-lo em condições de sustentar vida — de Marte e de Europa. Marte, por exemplo, tem CO2 e água congelados nos polos, uma possibilidade de terraformação poderia seguir o caminho de descongelar o dióxido de carbono para aumentar o efeito estufa e criar uma atmosfera mais densa e propensa à sobrevivência dos organismos do planeta. Consequentemente, quanto mais pudermos cultivar o fitoplâncton, mais O2 será produzido a partir da fotossíntese. Quanto à Europa, um oceano de água por baixo de uma densa camada de gelo pode ser explorado com o fitoplâncton para a terraformação do satélite. Se a colonização de outros planetas ou luas é relevante ou não para tantos esforços e gastos econômicos, enquanto temos tantos problemas na Terra, cabe um debate. Entretanto, não podemos deixar de nos fascinar com a força do meio ambiente do nosso planeta, enquanto um sistema quase fechado e autossustentável, como um organismo com seu metabolismo. Por enquanto, apenas aqui encontramos a vida como conhecemos, talvez o fenômeno mais improvável e bem-sucedido já conhecido no universo e cabe a nós valorizá-la e preservá-la. Referências bibliográficas https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2214552424000282  - Breathing life into Mars: Terraforming and the pivotal role of algae in atmospheric genesis https://www.nature.com/articles/s41550-018-0529-6  Inventory of CO2 available for terraforming Mars ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------   Sobre os autores: Marcus Vinicius é bacharel e licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo. Trabalhou durante a graduação com taxonomia de animais marinhos, além de ter se envolvido com projetos de educação não formal e cursinhos populares. Atualmente, é professor de biologia para o ensino médio. Licenciado e bacharel em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo e mestrando em Ensino de Ciências pelo PIEC-USP. Se dedicou ao ensino, à pesquisa e à extensão na universidade, onde adquiriu interesse pela área da Educação. Passou a atuar nas salas de aula tanto da rede particular quanto em cursinhos populares, e como pesquisador no Laboratório de Pesquisa em Ensino Por Investigação (BioIn), em trabalhos sobre currículo e formação de professores, com foco na análise de conteúdo e do discurso. *Marcus e Victor elaboraram este texto como projeto da disciplina “ Divulgação Científica e Cultura Oceânica ”, ministrada pela Prof.ᵃ Dr. ᵃ Cláudia Namiki, do curso de Bacharelado em Oceanografia do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. #Fitoplancton #Terraformação #VidaForaDaTerra #Astrobiologia #Astronomia

  • Megatubarão

    Por Nayara Almeida Amed O filme Megatubarão, dirigido por Jon Turteltaub, narra uma expedição às Fossas das Marianas, conhecida como a região mais profunda do oceano, onde descobrem um “novo mundo” submerso, uma camada ainda mais profunda da fossa, com temperaturas tropicais e cheia de vida. É lá que, surpreendentemente, eles despertam um megalodonte, um tubarão gigante e já extinto. Chamado para o resgate, Jonas Taylor (interpretado por Jason Statham) enfrenta o animal e o traz à superfície, onde ele ameaça tudo e a todos nas cidades costeiras. Mas será que essa história poderia realmente acontecer? Hoje nós vamos responder a algumas questões sobre o filme para entender a ciência por trás das câmeras. É possível mergulhar até o fundo da Fossa das Marianas? A Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico, atinge uma profundidade de incríveis 10.984 metros. No filme, porém, a expedição desce ainda mais fundo, chegando aos 14 mil metros em uma pequena cápsula de vidro. A questão é: será que isso seria realmente possível? A resposta é não. Mesmo com a tecnologia mais avançada, é impossível descer tão rápido em um ambiente de pressão extrema. Lembrando um pouco das aulas de física, a cada 10 metros de profundidade, a pressão aumenta em 10 atm, então a quase 11 mil metros de profundidade há uma pressão de 1101 atm. Nós, na superfície, estamos a 1 atm, então imagine conseguir suportar 1101 atm!? Até hoje, foram realizadas apenas quatro expedições à fossa, todas em submarinos especiais feitos de materiais reforçados, capazes de resistir a essa pressão esmagadora. E essas viagens levam várias horas. Uma cápsula de vidro, como a retratada no filme, jamais suportaria essa profundidade, com essa pressão.  Um "deserto" nas profundezas? Exploração da Fossa das Marianas de 2016, pelo Escritório de Exploração e Pesquisa Oceânica da NOAA (Foto de NOAA com licença CC BY-SA 4.0 ) No filme, quando a expedição ultrapassa o que se pensava ser o fundo do assoalho oceânico na Fossa das Marianas, os pesquisadores descobrem uma imensa diversidade de vida. Essa tamanha diversidade se tornou possível no filme por conta de uma termoclina , ou seja, uma camada de transição de temperatura que estava separando a camada mais profunda, com temperaturas baixas, de uma camada abaixo, com temperaturas tropicais. Na realidade, a termoclina é uma camada de transição entre águas superficiais, mais quentes, e águas profundas, mais frias. Para resolver essa questão da diversidade no fundo do oceano, a história traz uma termoclina inversa. Afinal, na vida real, essa região é mais próxima de um deserto do que de uma floresta tropical. São poucas as espécies que conseguem sobreviver às condições que encontramos neste ambiente, como a alta pressão, falta de luz, pouca disponibilidade de nutrientes e baixa temperatura. Assim, os seres que habitam o mar profundo passaram por um longo processo evolutivo e possuem diversas adaptações para suportar condições extremas. O peixe-bolha  Psychrolutes phrictus  encontrado em altas pressões no seu habitat natural junto ao fundo. (Foto de NOAA com licença  CC BY-SA 4.0. ) Um exemplo de animal que conseguiu sobreviver muito bem nessas condições é o peixe-bolha ( Psychrolutes phrictus) . Esse peixe vive entre 800 e 2800 metros de profundidade, ou seja, está submetido a uma pressão 280 vezes maior do que a da superfície, possuindo algumas adaptações que permitem que ele sobreviva. Seus ossos são mais frágeis e seu corpo parece uma massa gelatinosa. Quando é retirado da água e levado para a superfície, ele ganha essa aparência estranha, por ser composto por muita água e gordura. Mas o megalodonte não se parece em nada com o peixe-bolha, então será mesmo que ele poderia sobreviver no ambiente retratado O peixe-bolha  Psychrolutes phrictus quando está na superfície - Centro de Ciências Pesqueiras do Alaska NOAA. (Foto de NOAA com licença CC BY-SA 4.0. ) no filme? Bom, os tubarões são peixes cartilaginosos, ou seja, possuem um esqueleto de cartilagem rígido que poderia ser facilmente comprimido nas condições retratadas no filme. Apesar de passar uma imagem de forte e invencível, é bem provável que o megalodonte fosse vencido pela alta pressão do oceano profundo. O que sabemos sobre esses gigantes, hoje em dia, é que eles provavelmente habitavam águas rasas, com maior disponibilidade de alimento e temperaturas tropicais. Com isso em mente, um ambiente com águas frias, alta pressão e pouca disponibilidade de alimento não parece o habitat ideal para um tubarão gigante. É possível existir um megalodonte nos dias atuais?  O Carcharocles megalodon, mais conhecido como megalodonte, habitou os oceanos entre aproximadamente 23 a 3,6 milhões de anos atrás, durante o período Mioceno e Plioceno. Segundo estudos baseados em sua dentição, distribuição e fauna associada, estima-se que ele tinha em média 18 metros de comprimento. Por ser um peixe com esqueleto de cartilagem que raramente fossiliza, os principais registros fósseis encontrados foram seus dentes. A partir disso, juntando 182 dentes encontrados, foi possível  montar uma suposta mandíbula do megalodonte.  É impossível sabermos ao certo o que causou a extinção dos megalodontes há 3,6 milhões de anos atrás, mas os cientistas possuem algumas hipóteses. Primeiro, acredita-se que esses seres habitaram mares tropicais e temperados rasos ao longo das costas e regiões de todas as plataformas continentais, exceto na Antártica. Assim, o resfriamento dos oceanos no Plioceno pode ter causado o declínio da população e sua eventual extinção. Outra hipótese provável é de que houve uma mudança na dinâmica da cadeia alimentar, diminuindo a disponibilidade de presas para esse gigante. Esses grandes predadores do oceano provavelmente se alimentavam de tartarugas, baleias, focas e outros mamíferos marinhos, e em certo momento houve um aumento na competitividade por essas presas como orcas, tubarões brancos e cachalotes. O megalodonte, sendo um tubarão gigante, precisaria de muito mais alimento do que havia disponível por dia, resultando nesse declínio e extinção da população. A realidade é que ainda não sabemos ao certo quais foram os fatores que resultaram na sua extinção, mas com certeza seria muito difícil para um ser tão grande conseguir alimento suficiente nos dias atuais, ainda mais em uma região como o mar profundo, apresentado no filme.  Tamanho do megalodonte  Carcharodon megalodon  (em cinza e vermelho) comparado ao tubarão-baleia (roxo), ao grande tubarão-branco (verde) e a um humano (preto) em escala. O tamanho máximo alcançado pelo megalodonte é  de 20 metros, indicado pelo modelo cinza. (Imagem com licença CC BY-SA 3.0 ) Como vimos, a realidade está bem longe do que vemos nas telas do cinema, e muitas vezes a imaginação humana vai longe em se tratando de seres marinhos. Então, quando der um mergulho no mar, pode ficar de boa que não há um megalodonte espreitando nas profundezas!  Referências bibliográficas Benites-Palomino, A., Vélez-Juarbe, J., Altamirano-Sierra, A., Collareta, A., Carrillo-Briceño, J. D., & Urbina, M. 2022. Sperm whales (Physeteroidea) from the Pisco Formation, Peru, and their trophic role as fat sources for late Miocene sharks.  Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, 289. http://doi.org/10.1098/rspb.2022.0774 In This Issue, Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 120 (27) eiti2723120, 2023. https://doi.org/10.1073/iti2723120 . National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). 2016. Mariana Trench Marine National Monument. NOAA Fisheries. Rafferty, J. P. 2024 Megalodon. Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com/animal/megalodon Sheiko, B. A. and V. V. Fedorov. Part 1. Class Cephalaspidmorha, Class Chondrichthyes, Class Holocephali, Class Osteichthyes. Pp. 7-69. 2020.  Sobre a autora: Sou uma estudante de Biologia apaixonada pelo mar e pela educação em todas as suas formas. Faço bacharelado e licenciatura em Biologia na Universidade de São Paulo, e já trabalhei com identificação taxonômica de larvas de peixes. Atualmente faço estágio em um colégio com o ensino médio e sou bolsista do Programa Unificado de Bolsas da USP, no Projeto do Bate-papo com Netuno. A ideia desse texto surgiu como resultado de uma pesquisa na " São Paulo Ocean Week " em 2024, a partir da curiosidade de estudantes que se interessam pelo oceano e buscam mais informações sobre temas como esse!  #Convidados #Descomplicando #Tubarão #Megatubarão

  • Paleoceanography – how and why should we reconstruct the ocean’s past?

    By Milena Ceccopieri English edit by Carla Elliff *post originally published in Portuguese on July 15, 2021 Illustration by Alexya Queiroz . One of the topics we hear most about these days is climate change and its consequences for the future of the planet. Global warming became evident after the observation of the increase in the average global temperature of the air and ocean caused by the increase in the concentration of greenhouse gases in the atmosphere from human activities, such as the burning of fossil fuels, industrialization and deforestation. In a special report produced in 2018 at the invitation of the United Nations Framework Convention on Climate Change, the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) showed that the global temperature is already 1.0 °C above pre-industrial levels and could reach 1.5 °C between 2030 and 2052, which is already causing some impacts on terrestrial and oceanic ecosystems and could have even more drastic consequences for the Earth's climate.  Projection for global temperature rise by 2090 based on CO2 increase. Figure from Wikimedia . License: CC BY SA 4.0 International But after all, if we are so concerned about future climate change, why do we need to study the past? Knowing how our planet's climate behaved in the past under certain conditions helps us understand and predict how the climate will behave in the future if we encounter similar conditions. For example, we know today that the concentration of CO2 in the atmosphere is rising rapidly, but we do not know for sure what the consequences of this increase will be. To try to predict these consequences, we need to ask some questions. Has this increase happened before? At what speed? Has the temperature increased? What about sea level? What was the climate like on Earth during the period when temperature and CO2 concentrations were similar to what we see today? This is where paleoclimatic and paleoceanographic studies come in. Variation of CO2 and CH4 concentrations based on ice cores from Antarctica and Greenland. Figure from Wikimedia . License: CC BY SA 4.0 International The term “paleo” means ancient, old. In paleoceanography, the researcher acts as a detective of the past , whose investigation is based on evidence such as how the relationship between the ocean and the Earth’s climate varies on different time scales, which can be decades, hundreds, thousands, or even millions or billions of years ago.  But what role does the ocean play in the global climate?  The Earth's energy balance is modulated by four compartments: atmosphere, ocean, continent and ice. In terms of energy exchange/transport, the main compartments are the atmosphere (more dynamic) and the ocean (slower). The oceans play a fundamental role in the global climate due to their ability to store and transport large amounts of heat, being the largest heat reservoir on the planet! The heat from the sun arrives with much greater intensity at low latitudes and is redistributed to high latitudes through ocean circulation.  To better understand this heat transport, it is important to understand the thermohaline circulation as a whole . Thermohaline circulation is driven by potential changes in temperature and salinity between different water masses, generating differences in density. The formation of ice at high latitudes results in the formation of cold water with higher salinity that is extremely dense and will sink, generating a bottom current and driving this global circulation. So if thermohaline circulation is directly related to the formation of ice, what could happen to it in a scenario of rising global temperatures and melting glaciers? What happens to the transport and distribution of global heat if the thermohaline circulation weakens? Paleoceanographers are concerned with reconstructing parameters such as paleotemperature and paleosalinity to investigate the patterns of variation in the global circulation of the past, which makes it possible to assess the consequences of variations in the present and future. Okay, but if scientists only started collecting and recording temperature and salinity data in the 1950s, how can we reconstruct the characteristics of seawater from millions of years ago? Since the properties of the ocean’s past cannot be measured directly, we measure them indirectly using tools or what we call proxies (don’t know what a proxy is? No problem, we’ll explain in a moment). The main matrix of paleoceanography, that is, the type of sample used to measure proxies, are marine cores, which are a vertical section of the sedimentary column collected from the ocean floor. These sedimentary records are formed after many, many years of particle deposition in ocean basins. These particles are deposited in layers that accumulate one on top of the other and store information about the environmental conditions of the ocean at the time of deposition. Marine core sampling. Figure adapted from Wikimedia . License: CC BY SA 4.0 International Marine core sampling. Source: Milena Ceccopieri, license: CC BY-SA 4.0. Marine core repository of the Alfred Wegener Institute for Polar and Marine Research, Germany, from Wikimedia . License: CC By SA 2.5 Generic There are other environmental matrices that also store sequential information about the Earth's paleoclimate, such as corals and ice cores. It is even possible to obtain information about the atmosphere from hundreds of thousands of years ago from air bubbles found in these ice cores! On the continents, we also have tree rings, speleothems and lake sedimentary records. The great advantage of marine cores in relation to other records is that they cover a longer period, which can go back up to 100 million years! The age of a marine core must be clearly defined before anything else, as it is what limits the period and temporal resolution of this sedimentary record, which will be the basis for all interpretation. This chronology is developed by dating certain points of the core and constructing an age model. There are different types of dating suitable for each period and type of material to be dated, such as dating using the radioactive isotopes carbon-14 and lead-210. In the case of marine cores, the most suitable material for dating is the shells of foraminifera, very small single-celled organisms that produce a structure composed of calcium carbonate. Dating is commonly done using 14C, which covers a period of up to 45-50 thousand years, and can extend to hundreds of thousands of years when associated with other tools. Core sectioning and foraminifera screening. Figure adapted from Wikimedia . License: CC BY SA 4.0 International But what exactly is a proxy?  A proxy consists of a clue or piece of information preserved over time that can be quantified and bears some relation to a parameter of interest that we would otherwise not be able to measure directly. For example, the ratio between component X and component Y in a sample of marine sediment may be related to the temperature of seawater at the time these components were formed in the water column. The colder the water, the greater the formation of X, and the warmer the water, the greater the formation of Y. If components X and Y are deposited on the seafloor and remain preserved in the sediment over time, by analyzing them today we can reconstruct the temperature from when they were formed. The X/Y ratio would then be a proxy that allows us to reconstruct the paleotemperature of the seawater. The components preserved in marine sediment samples can be organic and inorganic compounds, shells of organisms, pollen, pieces of vegetation or volcanic ash. The proxies used in paleoceanography can provide us with information on parameters such as temperature, salinity, water masses, marine productivity, CO2 concentration, supply and type of terrestrial vegetation. When analyzed together, these proxies help us reconstruct the most varied environmental, climatic and oceanographic processes, such as variations in the mixed layer, current intensity, continental precipitation, sea level and ice volume. The combination of sedimentary records collected in various parts of the world provides us with an overview of changes in the thermohaline circulation, global heat transport and the Earth's climate.  Most paleoceanographic work focuses on reconstructing seawater temperature . Temperature proxies can be divided into two groups: inorganic and organic. Inorganic temperature proxies include the ratio of oxygen-18 to oxygen-16 isotopes (represented by δ18O) and the elemental ratio of magnesium to calcium (Mg/Ca), which are present in the calcite of foraminiferal shells. The δ18O proxy is based on the principle that the ratio of oxygen-16 (the lighter isotope) to its heavier isotope oxygen-18 during foraminiferal calcification varies with temperature, so that increasing temperature results in the precipitation of calcite depleted in oxygen-18. δ18O is also a salinity indicator and an excellent ice volume indicator, as ice stores more oxygen-16 (lighter), leaving more oxygen-18 (heavier) in the ocean and consequently in the shells of foraminifera present on the ocean floor. In the case of the Mg/Ca ratio, the increase in temperature is responsible for increasing the incorporation of Mg during the calcification of foraminifera. Both δ18O and the Mg/Ca ratio can also be applied to reconstruct temperature from coral records, as these are also formed by calcium carbonate. Organic temperature proxies are based on the ability of various microorganisms to adjust the stability of their cell membranes to local temperature variations through changes in the structures of certain compounds during their formation. These structural changes involve variations in the number of unsaturations or rings in their molecules, which can be easily identified and quantified through specific analytical techniques. Among the organic compounds preserved in marine sediments used to reconstruct past seawater temperatures are alkenones (long-chain ketones with 2 to 4 unsaturations) and long-chain diols produced by microalgae, as well as glycerol dialkyl glycerol tetraethers (GDGTs) produced by archaea and bacteria.  All proxies used in paleoceanography carry uncertainties that can affect the accuracy of estimates and lead to misinterpretation of environmental variations. Therefore, it is important to recognize the limitations of each proxy and to keep in mind that there is no perfect proxy. It is essential to try to combine independent proxies to reconstruct the same parameter and observe whether they show the same trend. The potential impact of human activities on present and future climate has increased interest in understanding past climate. A reliable and well-resolved reconstruction of past climate variations is essential for better investigation and prediction of what awaits us in the future. References or suggested reading: Erez, J.; Luz, B. 1983. Experimental paleotemperature equation for planktonic foraminifera. Geochimica et Cosmochimica Acta, 47:1025–1031. https://doi.org/10.1016/0016-7037(83)90232-6 IPCC. 2018. Summary for Policymakers. In: Global Warming of 1.5°C. An IPCC Special Report on the impacts of global warming of 1.5°C above pre-industrial levels and related global greenhouse gas emission pathways, in the context of strengthening the global response to the threat of climate change, sustainable development, and efforts to eradicate poverty [Masson-Delmotte, V., P. Zhai, H.-O. Pörtner, D. Roberts, J. Skea, P.R. Shukla, A. Pirani, W. Moufouma-Okia, C. Péan, R. Pidcock, S. Connors, J.B.R. Matthews, Y. Chen, X. Zhou, M.I. Gomis, E. Lonnoy, T. Maycock, M. Tignor, and T. Waterfield (eds.)]. World Meteorological Organization, Geneva, Switzerland, 32 pp. Kim, J.H., van der Meer, J., Schouten, S., Helmke, P., Willmott, V., Sangiorgi, F., Koç, N., Hopmans, E.C., Sinninghe Damsté, J.S. 2010. New indices and calibrations derived from the distribution of crenarchaeal isoprenoid tetraether lipids: Implications for past sea surface temperature reconstructions. Geochimica et Cosmochimica Acta, 74:4639–4654. https://doi.org/10.1016/j.gca.2010.05.027 Locarnini, R.A., Mishonov, A.V., Antonov, J.I., Boyer, T.P., Garcia, H.E., Baranova, O.K., Zweng, M.M., Paver, C.R., Reagan, J.R., Johnson, D.R., Hamilton, M., Seidov, D., 2013. World Ocean Atlas 2013, Volume 1: Temperature. NOAA Atlas NESDIS. http://www.nodc.noaa.gov Mann, M. E.; Bradley, R. S.; Hughes, M. K. 1998. Global-scale temperature patterns and climate forcing over the past six centuries. Nature, 392:779. https://doi.org/10.1038/33859 Müller, P. J.; Fischer, G. 2004. Global core-top calibration of U37K (update). PANGAEA. https://doi.org/10.1594/PANGAEA.126662 Nürnberg, D.; Bijma, J.; Hemleben, C. 1996. Assessing the reliability of magnesium in foraminiferal calcite as a proxy for water mass temperatures. Geochimica et Cosmochimica Acta, 60:803–814. https://doi.org/10.1016/0016-7037(95)00446-7 Prahl, F.G., Wakeham, S.G. 1987. Calibration of unsaturation patterns in long-chain ketone compositions for palaeotemperature assessment. Nature 330:367–369. https://doi.org/10.1038/330367a0 Rahmstorf, S. 2002. Ocean circulation and climate during the past 120,000 years. Nature, 419:207–214. https://doi.org/10.1038/nature01090 Rampen, S. W.; Willmott, V.; Kim, J. H.; Uliana, E.; Mollenhauer, G.; Schefuß, E.; Sinninghe Damsté, J. S.; Schouten, S. 2012. Long chain 1,13- and 1,15-diols as a potential proxy for palaeotemperature reconstruction. Geochimica et Cosmochimica Acta, 84:204–216. https://doi.org/10.1016/j.gca.2012.01.024 Schouten, S., Hopmans, E.C., Schefuß, E., Sinninghe Damsté, J.S. 2002. Distributional variations in marine crenarchaeol membrane lipids: a new tool for reconstructing ancient sea water temperatures? Earth and Planetary Science Letters, 204:265–274. https://doi.org/10.1016/S0012-821X(02)00979-2 Urey, H. C. 1947. The thermodynamic properties of isotopic substances. Journal of the Chemical Society (Resumed), 582:562. https://doi.org/10.1039/JR9470000562 About the author: Oceanographer from UERJ, with a master's and doctorate in chemistry from PUC-Rio, and a doctorate in Germany at the University of Bremen and the Alfred Wegener Institute for Polar and Marine Research. She is currently a postdoctoral fellow at the Laboratory of Marine and Environmental Studies at PUC-Rio, specializing in marine organic geochemistry. She is always immersed in the world of lipids and stable isotopes to understand the sources, transport and destination of organic matter, as well as its relationship with recent or past processes. She also has experience and loves to get involved with marine pollution, with a focus on petroleum hydrocarbons. She is passionate about the possibilities of collaboration and knowledge exchange between all areas of oceanography, since everything is connected and no area works alone. Her leisure time is divided between the beach, movies, books, music and, as a true Carioca, she would like Carnival to last the whole year.   #MarineScience #ClimateChange #Paleoceanography #MarineSediment #MarineOrganicGeochemistry #GeologicalOceanography #Guests

  • Podcast EP0T1

    Introdução da primeira temporada! Nessa introdução, contamos o que vamos explorar no nosso podcast! Venha navegar com a gente! Narração: Catarina Marcolin Edição: Catarina Mello Ouça também em: Spotify Anchor Siga o Bate-Papo com Netuno nas redes sociais: Facebook: fb.com/batepapocomnetuno Instagram: @batepapocomnetuno Twitter: @batepapocomnetuno Youtube: bit.ly/netuno_youtube #podcastdobpcn

  • Podcast EP4T1

    Atuar em oceanografia implica obrigatoriamente em ter uma carreira acadêmica? “ Sou oceanógrafa, não quero desperdiçar a graduação fazendo sites”. Post original: Junho de 2016, seção Vida de Cientista Autora: Adriana Lippi Contatos/redes sociais de Adriana : Instagram , Twitter Facebook Narração: Catarina Marcolin Edição: Catarina Mello Ilustração: Joana Ho Ouça também em: Siga o Bate-Papo com Netuno nas redes sociais: Facebook: fb.com/batepapocomnetuno Instagram: @batepapocomnetuno Twitter: @batepapocomnetuno Youtube: bit.ly/netuno_youtube #vidadecientista #ciênciaetecnologia #convidados #adrianalippi #interdisciplinaridade #joanaho #programação #podcastdobpcn #catarinarmarcolin #catarinarmello

  • Podcast EP2T2

    13 anos de faculdade Nunca deixe de apreciar o caminho, ainda que este seja longo. Autora: Ana Lídia Salmazo Post Original: Julho de 2017, seção Vida de Cientista Narração: Catarina Marcolin Edição: Catarina R Mello e Leandro Santos Ilustração: Lídia Paes Leme Ouça também em: Siga o Bate-Papo com Netuno nas redes sociais: Facebook: fb.com/batepapocomnetuno Instagram: @batepapocomnetuno Twitter: @batepapocomnetuno Youtube: bit.ly/netuno_youtube #vidadecientista #bióloga #oceano #oceanógrafa #podcastdobpcn #catarinarmarcolin #catarinarmello #leandrosantos #lídiapaesleme

  • Podcast EP5T2

    Manamar: minha carreira de educadora ao ar livre Quando não há fronteiras entre empreender, aprender e simplesmente vivenciar a natureza. Autora: Patricia Bianca Ribeiro Post original: Junho de 2020, seção Vida de Cientista Ilustração: Joana Ho Narração: Catarina Marcolin Edição: Catarina Mello e Leandro Santos Ouça também em: Siga o Bate-Papo com Netuno nas redes sociais: Facebook: fb.com/batepapocomnetuno Instagram: @batepapocomnetuno Twitter: @batepapocomnetuno Youtube: bit.ly/netuno_youtube #educaçãoaoarlivre #educaçãonanatureza #educaçãoambiental #turismo #mergulho #vidadecientista #convidados #podcastdobpcn #catarinarmarcolin #catarinarmello #leandrosantos #joanaho

  • Podcast EP4T2

    Uma Veterinária na Oceanografia A história de hoje é da Melissa Marcon que se chama “Uma veterinária, as tartarugas marinhas, e a oceanografia". Essa história foi publicada em junho de 2015 e a Joana Ho fez uma ilustração especial pro podcast, além de ter lindas fotos da autora em campo. Autora: Melissa Marcon Post Original: Junho de 2015, seção Mulheres na Ciência Narração: Catarina Marcolin Edição: Catarina R Mello e Leandro Santos Ilustração: Joana Ho Ouça também em: Siga o Bate-Papo com Netuno nas redes sociais: Facebook: fb.com/batepapocomnetuno Instagram: @batepapocomnetuno Twitter: @batepapocomnetuno Youtube: bit.ly/netuno_youtube # melissamarcon #t artarugasmarinhas #mulheresnaciência #oceanografa #oceanografia # veterinaria #convidados #podcastdobpcn #catarinarmarcolin #catarinarmello #leandrosantos #joanaho

  • Vamos falar de compartilhamento de dados científicos? (parte 1)

    Por Valéria M. Lemos & Marianna Lanari Olá pessoal! Que tal falarmos de um tema que não é tão novinho assim, mas que para muitos pode ser uma novidade?!  Todas as pessoas envolvidas no mundo da pesquisa geram dados científicos! Mas afinal, o que é um conjunto de dados? Um conjunto de dados é uma coleção de dados referentes a um tema específico, inter-relacionados e organizados . Uma lista telefônica, um cadastro dos clientes de uma loja, etc     Mas, quando falamos de dados científicos , estamos falando em dados gerados através de uma metodologia científica, seguindo um protocolo já estabelecido, conhecido e que pode ser reproduzido por outros cientistas. Isso é o que fazem os pesquisadores e estudantes da área das Ciências Naturais durante sua formação e carreira acadêmica:  geram dados brutos  com o propósito de analisá-los, testar hipóteses e assim, gerar conhecimento que contribui para o avanço da ciência e resolução de problemas. Este conhecimento, consequentemente, contribui de alguma forma para a melhoria das relações do ser humano com o ambiente.    Mas o que fazer com esses dados depois de concluídas as pesquisas? Usualmente, quando uma pesquisa é   concluída, os resultados são publicados em revistas científicas para serem divulgados para a sociedade ( processo que daria assunto para outro post! ). E os dados brutos que compõem o conjunto de dados? O que é feito deles depois das pesquisas concluídas e publicadas? Salvo algumas exceções, os dados brutos acabam esquecidos, guardados na “gaveta” (ou no HD, no computador do laboratório da universidade ou sabe-se lá onde)! Um artigo científico publicado em 2013 (Gibney & Van Noorden 2013) demonstrou que, em média, dentro de um período de 20 anos após a publicação dos resultados das pesquisas na forma de artigos científicos, 80% dos dados que geraram esses resultados não estão mais disponíveis para reuso! Se perdem, pessoal! Se perdem!  Open Science -   Como surgiu o movimento ? Em uma iniciativa da comunidade científica, ancorada a toda revolução e evolução tecnológica e científica do último século, e, motivada pela demanda em entender e tentar buscar soluções para os problemas ambientais da era antropogênica (perda de biodiversidade, efeito das alterações climáticas, etc.), surge nos anos 2000 o movimento Open Science   (ciência aberta, em português).   Este movimento é basicamente um grande guarda-chuva, que abriga um conjunto de práticas que buscam uma ciência democrática e transparente, inclusive com uma maior participação da sociedade (via ciência cidadã), disponibilização e divulgação do conhecimento gerado pela comunidade científica. E, debaixo do grande guarda-chuva do Open Science, está o Open Data  (ou dados abertos), que tem como objetivo o compartilhamento de dados científicos gerados pelas atividades de pesquisa.   Qual a importância e quais são as vantagens de compartilhar dados de pesquisa ? Poderíamos falar aqui de inúmeras vantagens do compartilhamento de dados científicos, mas vamos usar um exemplo bem atual. Todos lembram a corrida frenética por pesquisas e geração de informações sobre o vírus causador da Covid-19, quando foram noticiados os primeiros casos da doença. Universidades e cientistas do mundo inteiro montaram uma força-tarefa para obter informações que pudessem auxiliar órgãos governamentais diante da situação. Foi através de uma rede de colaboração científica mundial que foi possível obter informações em tempo recorde sobre o vírus! Este é um ótimo exemplo de como o compartilhamento de dados e de informação podem culminar em avanços científicos mais rápidos ! Mais do que isso, ele é essencial para ajudar governos e administradores a tomarem decisões importantes, sejam no dia a dia, por exemplo, em projetos de manejo e conservação do ambiente ou em momentos críticos como em pandemias. Em todos os casos, gerando retornos positivos para a sociedade!  Na esfera acadêmica, outra vantagem reside no fato do compartilhamento ser uma via de duas mãos: você compartilha e você usa ! Ou seja, o Open Data permite uma maior acessibilidade a dados que antes eram de difícil acesso, ou em algumas vezes, impossíveis de serem acessados por pesquisadores. Estudos de modelagem de distribuição de espécies, por exemplo, eram praticamente impossíveis de serem realizados em espécies com ampla distribuição! Além disso, quando você usa os dados de outro pesquisador, ou quando os seus dados compartilhados são usados por alguém que estuda o mesmo assunto que você, pode ocorrer uma comunicação entre as partes, e quiçá, a formação de uma parceria científica ! Ou seja, todos ganham!  Outro aspecto importante, que vale o destaque são as análises de séries de dados temporais . Entender como funciona o ambiente, quais fenômenos e alterações afetam o meio ambiente e quais as perspectivas futuras, dependem na maioria das vezes, do conhecimento pretérito, que só é possível através da análise de dados brutos obtidos ao longo do tempo. Por exemplo, a aquisição de dados de monitoramento de longo prazo, são impossíveis de se obter sem um projeto de pesquisa consolidado. Uma vez que estes dados estejam compartilhados, potencializamos a capacidade de gerar informação para o auxílio das questões ambientais atuais e futuras. É importante lembrar ainda, que todo o processo de pesquisa, inevitavelmente, envolve esforços e custos. Estamos falando aqui não só de tempo, mas também de dinheiro! E quando os estudos são na área das ciências do mar, todos sabem que são, geralmente, bem onerosos! Assim, quando compartilhamos nossos dados brutos, estamos de certa forma otimizando os recursos gastos  na sua obtenção!  Por que o compartilhamento de dados ainda não está totalmente difundido no meio acadêmico?  Esta é, de certa forma, uma questão complexa, onde fatores pessoais, mas também profissionais e logísticos influenciam a tomada de decisão do pesquisador em compartilhar ou não os dados brutos da sua pesquisa. Mas podemos indicar algumas razões que acreditamos gerar essa resistência: a falta de conhecimento e informação sobre a existência de boas práticas de compartilhamento e a falta de treinamento (e de tempo!) na gestão dos dados. É importante conhecermos e difundirmos que, atualmente, há condutas que asseguram o compartilhamento de dados. Não se trata de sair divulgando suas planilhas de qualquer jeito e em qualquer meio digital. Há repositórios de dados , que são ambientes digitais certificados e seguros, há um sistema de revisão e controle de qualidade e de manutenção dos controles e direitos autorais que garantem a segurança do processo. A outra questão é que gerir e depositar dados nestes repositórios é uma tarefa que demanda tempo, principalmente dependendo de quão “prontos” estão os dados para o compartilhamento. Isto é, esses dados estão bem organizados? Eles podem ser entendidos por qualquer pessoa? Há algum padrão de formatação de dados a ser utilizado? Neste sentido, o treinamento na gestão de dados por parte dos pesquisadores, ou mesmo a inclusão de um gestor de dados em um projeto, é importante para a viabilidade do processo de compartilhamento de dados. Todos nós sabemos que isso custa dinheiro e que o cobertor é curto para cobrir todas as necessidades de um projeto de pesquisa. Então por que não investirmos no treinamento do gerenciamento e compartilhamento de dados desde a pós-graduação para consolidarmos essa nova mentalidade na pesquisa científica no país? Considerando as inúmeras vantagens do compartilhamento de dados, e sabendo como fazer isso de forma segura, é importante que aconteça uma mudança no paradigma atual. Esta é uma oportunidade de somar esforços para avançarmos no conhecimento, na busca de alternativas para os problemas ambientais e progresso da sociedade. Como disse Albert Einstein: “ Há uma força motriz mais poderosa que o vapor, a eletricidade e a energia atômica: a vontade ”.  As ferramentas já estão disponíveis, vamos embarcar nessa? Referências   Gibney, E., & Van Noorden, R. (2013). Scientists losing data at a rapid rate. Nature, 10. doi:10.1038/nature.2013.14416 Sobre as autoras Valéria Marques Lemos é bióloga, mestre e doutora em Oceanografia Biológica pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Sua área de pesquisa é a ictiologia, desenvolvendo e participando de pesquisas sobre bioecologia e pesca de teleósteos marinhos e estuarinos. Atua como gestora de dados de pesquisa do projeto Pesquisa Ecológica de Longa Duração sitio 8- Estuário da Lagoa dos Patos e Costa Marinha Adjacente PELD-ELPA, do Instituto de Oceanografia da FURG. E, assim como todas, todes e todos leitores do Bate-papo com Netuno... ama o mar!  Marianna de Oliveira Lanari é oceanóloga, mestre em Ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e doutora em Oceanografia Biológica pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Sua linha de pesquisa é focada em comunidades vegetais costeiras e como estas contribuem para o funcionamento e serviços ecossistêmicos em estuários e costões rochosos. Tem grande interesse em gestão de dados e no seu compartilhamento em repositórios digitais. Mergulhou pela primeira vez aos cinco anos de idade e, a partir daí, decidiu que nunca mais queria ficar longe do mar. #CienciasDoMar #DadosAbertos #GestaoDeDados #CienciaAberta #OpenScience #OpenData

  • Curso dos Rios: Como funcionam as desembocaduras e porque elas mudam de lugar

    Por Tatiana Pinheiro Dadalto Já parou pra pensar por que um rio deságua aqui ou ali? O rio dos Mangues, em Porto Seguro, por exemplo, geralmente deságua entre as barracas de praia Barramares e Baleia Jubarte, localizadas na praia de Taperapuã, mas recentemente está desaguando bem mais ao sul, afetando as barracas Gaúcho, Sueds e Kaiambá. Essa não é a primeira vez que isso acontece. Como pode ser visto em imagens de satélite, a desembocadura do rio dos Mangues já esteve mais próxima à barraca do Gaúcho em 2013 e 2019/2020. O que faz essa foz mudar de forma tão evidente tem a ver com os processos litorâneos que controlam o transporte de sedimento na região costeira. Esses processos são resultado da interação dos ventos, ondas, marés e chuvas (carga e descarga fluvial) com os depósitos sedimentares na parte submersa da praia (a que fica embaixo d’água) e também na parte emersa dela (a parte seca), e ainda na zona costeira logo ao lado. Desembocadura do rio dos Mangues em 2013, 2020 e 2024. Fonte: modificado de Google Earth Pro. Licença CC BY-SA 4.0. Quando uma onda se aproxima da costa, ela quebra, se espalha e espraia, subindo e descendo na areia da praia. Dessa forma ela dissipa sua energia, que é utilizada para ressuspender e transportar o que tiver disponível – aqui nosso foco será o sedimento, como a areia, mas podem ser microorganismos, restos de algas e outras plantas/animais, plásticos, poluentes dissolvidos etc.  De forma geral, podemos dizer que ondas vindas continuamente de uma mesma direção, e especialmente se atingem o litoral de forma inclinada, costumam transportar sedimentos no sentido oposto ao da sua chegada. Chamamos esse transporte de sedimentos pelas ondas de deriva litorânea. Assim, ondas de nordeste (no sul da Bahia são os ventos de tempo bom, ou ventos alísios, que geram essas ondas) forçam a deriva litorânea para sudoeste/sul. Por outro lado, quando temos condições de ondas de sudeste (relacionadas à passagem das frentes frias), a deriva litorânea tende a ser direcionada para noroeste/norte. É importante lembrar que a influência dos ventos sobre as ondas não se limita somente à direção de incidência da onda e sentido da deriva litorânea, mas também a outros aspectos das ondas , como altura, período, energia e potencial erosivo.  Outras características do litoral e da zona costeira que influenciam o transporte de sedimentos e como ele afeta as praias são: altitude e morfologia da costa, presença de vegetação, grau de compactação dos sedimentos, presença de estruturas rígidas na costa e presença de rios. Cada um desses aspectos agrega peculiaridades e complexidades ao funcionamento do sistema praial e da desembocadura fluvial. Mas vamos simplificar o funcionamento da praia focando na interação entre os sedimentos e as ondas (que, por sua vez, são dirigidas pelos ventos). Vamos deixar todos os outros fatores que mencionei de lado, por enquanto. Se os ventos mudam muito ao longo do ano, dos anos, das décadas, e são eles que regulam o tipo das ondas que chegam à costa, então, logicamente, podemos concluir que as praias são sistemas ambientais em constante transformação. Se transformam de acordo com a mudança das ondas, ou seja, dos ventos.  Se pensarmos nos ciclos de verão e inverno, vamos lembrar que se no verão predominam ventos e ondas de nordeste, no inverno ocorre maior influência dos ventos e ondas vindas do quadrante sul. Então, naturalmente, haverá uma marcante modificação na deriva litorânea e no balanço sedimentar da praia, ou seja, na quantidade de areia que a praia tem ao longo de um período de tempo, considerando o que saiu (erosão) e o que entrou (acresção) no sistema. De forma geral, e considerando o transporte lateral de sedimentos, uma praia natural tende a perder areia em um período do ano e recuperar o volume de areia no outro período do ano. Outro ponto crucial para entendermos a variabilidade do curso de rios de pequeno porte - o rio dos Mangues em Porto Seguro, por exemplo - tem a ver com o fato de que o fluxo das desembocaduras tende a interromper a deriva litorânea, pois o fluxo de água age como um obstáculo ao transporte ao longo da costa, ou seja, os sedimentos se acumulam de um lado (acresção) e deixam de alcançar o outro (gerando erosão). Em condições de vazão fluvial moderada, este acúmulo sedimentar forma um depósito em formato alongado e descolado da costa, chamado esporão, que vai paulatinamente crescendo e deslocando a desembocadura lateralmente. Quando a vazão é muito baixa, o esporão pode fechar temporariamente a desembocadura, formando lagunas. Na região da desembocadura do rio dos Mangues elas são comumente observadas. Desembocadura do rio dos Mangues direcionada para sul no final do verão de 2019. Licença CC BY-SA 4.0. Laguna formada no canal abandonado do rio dos Mangues após a mudança de sua desembocadura (4 meses depois da imagem anterior). Licença CC BY-SA 4.0. Todo esse conhecimento vem da Ciência, da Oceanografia, da Geologia, da Sedimentologia – e precisamos falar mais sobre isso! Diante de tudo que abordei aqui, uma conclusão é certa (e já bem descrita pela literatura científica): as desembocaduras de rios são naturalmente variáveis, o que torna a ocupação do seu entorno muito vulnerável. A alta vulnerabilidade do entorno do rio dos Mangues foi apontada pela oceanógrafa Gabriela Leal em seu estudo realizado na UFSB/IFBA  em 2024.  O turismo em Porto Seguro é famoso pela estrutura e conforto das barracas de praias, mas essa ocupação histórica na zona costeira traz impactos muito grandes para o funcionamento do sistema praial. Alguns dos impactos são: remoção da vegetação, diminuição de áreas para acúmulo de sedimentos (trazidos pelos ventos e principalmente pelas ondas), compactação do solo/depósitos arenosos, potencialização da erosão por chuvas, alteração antrópica do curso do rio (por exemplo, a tentativa de contenção do fluxo natural do rio dos Mangues em abril de 2024), presença de escombros e entulhos nos casos extremos de erosão gerando perigo ao banho (por exemplo, barracas Farol da Praia e do Netuno, na praia da Ponta Grande), acúmulo de lixo. Sacos de areia colocados como tentativa de alterar o fluxo do rio dos Mangues em agosto de 2024. Licença CC BY-SA 4.0. As praias são bens públicos de uso comum do povo que estão sendo engolidas por iniciativas que pouco ou nada se preocupam com conservação, muito menos se comprometem com compensações ambientais. Aliás, na contramão da conservação, há a tentativa de abrir brechas para a privatização de praias e zonas costeiras (por exemplo, a Proposta de Emenda à Constituição – PEC 3/2022), que afeta a todas as pessoas por dificultar os acessos à praia e ao oceano, mas, mais expressivamente, afeta as populações que tiram seu sustento desse ambiente, como populações tradicionais pesqueiras por exemplo. Além de fonte de renda, as praias e zonas litorâneas são lugar de recreação e lazer, de apreciação da natureza e habitat para diversas espécies. Além disso, assim como os manguezais, as praias oferecem proteção à costa, já que ajudam a dissipar a energia que chega do oceano ao continente através das ondas e marés. A melhor forma de mitigar os impactos da alteração do curso do rio dos Mangues e de todos esses impactos negativos da ocupação costeira desordenada é ter mais cautela com o ambiente em que vivemos, conhecer seu funcionamento, dar espaço para sua manifestação. Não significa não fazer uso dela, mas implementar formas mais sustentáveis e até mesmo regenerativas na nossa forma de usar e ocupar praias e zonas costeiras.  Pra isso tem ciência: monitoramento ambiental, mapeamento de vulnerabilidades, recuperação de áreas degradadas, arquitetura regenerativa, ciência cidadã, turismo regenerativo e muito mais. Mudar a forma de pensar e agir pode ser difícil, mas é necessário e urgente para um futuro melhor. Sobre a autora: Tatiana Pinheiro Dadalto é oceanógrafa com doutorado em Geologia e Geofísica Marinha. É professora, pesquisadora e extensionista na UFSB, em Porto Seguro. #DescomplicandoNetuno #Convidados #VulnerabilidadeCosteira #OcupaçãoDesordenada #CursoDosRios #Desembocadura

  • The sea is also history

    By Alynne Almeida Affonso English edit by Carla Elliff *post originally published in Portuguese on March 30, 2017 Illustration by Silvia Gonsalves. It is very common to find oceanography divided into four main areas: Physics, Chemistry, Geology and Biology. This approach can be quite relevant when we consider practical and efficient methodologies for studying complex sciences, such as Oceanography. Segmenting knowledge also facilitates the production of knowledge, research, and teaching, since it is a way of classifying and organizing large volumes of information. However, the question remains: does everything related to Marine Sciences fit into this division into four major areas? Since Oceanography is a very multi- and interdisciplinary science, it is almost natural to assume that many subjects related to the ocean end up being left out of this classic division. This is the case of Human Oceanography. We don’t often think of Marine Sciences as a human science, but the seas and ocean do have a significant component in the social sciences. This makes a lot of sense if we stop to think about the coastal zone and the current and past influence that the sea has had on society. Research in Human Oceanography is not always classified as Oceanography per se, and this is possibly due to the better suitability of many topics studied in oceanography as “hard sciences” – that is, rigid in their theoretical foundations and in their predictive capacity. Hard sciences strictly follow what, in science, is known as the Scientific Method, which is the collection and observation of quantifiable data, application of mathematical models, and use of controlled experiments, producing results with a high degree of accuracy. Human and social sciences, on the other hand, are classified as “soft sciences”, concerned with investigating human and social behavior. These subjects can be quite subjective, based on complex interactions that do not fit into the study approach envisaged by the Scientific Method, since it becomes very difficult to establish such solid analysis criteria for such abstract topics. Social sciences can cross paths with marine sciences in many ways. Research at the interface between oceanography and human sciences is largely focused on understanding the dynamics between coastal communities and the environment, the use of coastal resources, the use and occupation of coastal territories, environmental conflicts and valuation. But does anyone care about studying the ocean in its historical component? After all, history is one of the foundations of human and social sciences. The past, after all, is the key to the present. And the answer is: YES! There is an entire science dedicated to the subject. Environmental History is a relatively recent discipline, it is true, which emerged in the United States during the environmentalist wave of the 1960s and 1970s, and is defined by OOSTHOEK (2005) as:  “Environmental history is studying the interaction between humans and the environment in the past. To study the relationships between humans and the surrounding world, we must try to understand how the interaction between the two works”   Environmental History examines the role of nature in influencing human activities and how humans shape the environment over time. Coastal zones are susceptible to sudden and rapid changes in their configuration, induced by both natural processes and anthropogenic pressures – in fact, for many coastal zones around the world, the human component is the main form of alteration of the coastal space. Historical knowledge, through an interpretation of natural issues, allows us to observe the historical perception of environmental changes. It is possible to assimilate the relationships between the human species and natural factors and investigate the interactions between culture, nature, and interactions between man and the coastal zone in the past and throughout human time. Understanding the past is essential to model and predict the future, and therein lies the great importance of environmental history. Historical interpretation of environmental issues allows for the connection between physical geography, topography, coastal geomorphology, climatic, oceanographic, and biological factors, combined with a political, economic, and sociological perspective. However, it is important to analyze interpretations of human actions on the natural world in the past and the changes associated with these phenomena very carefully, because problems that occur in the present can influence our perception of the past and how we interpret past events. Environmental History, however, is much more than just pointing out the harmful interactions between society and nature. It deals with historical interpretations of environmental problems, incorporating changes that are based on the plurality of natural and cultural dimensions related to human activities and the different ways of perceiving the environment and its relationship with life in society. A very efficient method that has been frequently applied to the study of Environmental History is the use of Geographic Information Systems (GIS). HGIS (or Historical Geographical Information System) is an efficient tool because the use of georeferenced historical maps (i.e., associated with spatial information such as geographic coordinates) and digitized maps is a visual, qualitative and quantitative way of observing environmental changes over time, and is widely used by researchers in Environmental History. An example of a digitized historical map inserted into a Historical Geographic Information System (HGIS). Taken from RUMSEY & WILLIANS (2002). Through HGIS, it is also possible to store, display, and analyze past data related to the environment and correlate historical spatial data with quantitative information such as censuses and social surveys carried out by city halls, public agencies and universities. This information allows, in addition to the reconstruction of past environments, the observation of changes in parameters over time. Digitized historical map to which points with non-visual quantitative information (in table form) were added through HGIS. Taken from RUMSEY & WILLIANS (2002). This is what authors such as DONAHUE (2007), CUNFER (2006), and TUCCI (2010) have done, to name just a few. DONAHUE (2007) and CUNFER (2006) used historical mapping and land use statistics to assess environmental conditions and long-term changes in the landscape induced by agricultural activities in the North American territory. TUCCI (2010), through the analysis of historical maps of Milan, Italy, monitored changes in the urban landscape and in socioeconomic parameters, representative of specific historical periods, and compared them with current characteristics in order to detect patterns of evolution of the urban fabric over time. Some authors such as DeBOER & CARR (1969), CHARDON (1982), CLUTTON (1982), LLOYD et al. (1987), and HESSLER (2005), in addition to the young researcher who writes to you here, have chosen the coastal zone as the target of studies in Environmental History. These authors reconstructed, through historical maps and statistics, the coastal areas targeted by their studies and compared them with current maps and indexes, in order to monitor the evolution of the landscape and human behavior in relation to the environment. Coastlines from different historical periods, digitized in HGIS and compared with a current coastline. Taken from LLOYD & GILMARTIN (1987). There are many methods for performing temporal analyses of past environments, which are generally quite complex. It is rare for an author to repeat the methodology of another step by step, since the peculiarities of the study areas and research objectives force researchers to adapt the methodologies to their realities. In my master's research, for example, I evaluated the changes in the landscape of Baixada Santista (state of São Paulo, Brazil) over the course of 4 centuries. I developed my own analysis methodology, since most of the authors I researched, being from outside Brazil, did not offer solutions that I could fully utilize. I adapted techniques from many authors to, in the end, develop something that worked for the coast of São Paulo and for what I sought to understand. And that is the topic of my next article for Chat with Neptune! I will explain how this historical analysis is done using old maps, the curiosities and peculiarities of historical cartography, and show what I found for the region of Santos, on the coast of São Paulo. Stay tuned! References: CHARDON, R. 1982.  A Best-fit Evaluation of DeBrahm's 1770 Chart of Biscayne Bay. The American Cartographer. 1982, Vol. 9, pp. 47-67. CLUTTON, E. 1982.  Some Seventeenth Century Images of Crete: A Comparative Analysis of the Manuscript Maps by Francesco Basilicata and the Printed Maps by Marco Boschini. Imago Mundi. 1982, Vol. 34, pp. 48-65. CUNFER, G. 2006.  On the Great Plains: Agriculture and Environment. Environmental History. 1, 2006, Vol. 11, pp. 142-144. DeBOER, G. & CARR, A. P. 1969.  Early Maps as Historical Evidence for Coastal Change. Geographical Journal. 1969, Vol. 135, pp. 17-39. DONAHUE, B. 2007.   The Great Meadow: Farmers and the Land Colonial Concord. Yale : Yale Publisher Press, 2007. HESSLER, J. 2005.  Warping Waldseemüller: A Cartometric Study of the Coast of South America as Portrayed on the 1507 World Map. MAGERT Ala Map and Geography Roundtable. [Online] 2005. http://purl.oclc.org/coordinates/a4.pdf accessed in 01/06/2016. LLOYD, R. & GILMARTIN, P. 1987.  The South Carolina Coastline on Historical Maps: A Cartometric Analysis. The Carographic Journal. 1, 1987, Vol. 24, pp. 19-26. OOSTHOEK, K.J. 2005.  What is Environmental History? ENVIRONMENTAL HISTORY RESOURCES. [Online] 03 de January de 2005. [Citado em: 17 de 05 de 2016.]   https://www.eh-resources.org/what-is-environmental-history/ . RUMSEY, D., WILLIAMS, M. 2002 . Historical Maps in GIS in Past Time, Past Place: GIS for History. Ed KNOWLES, A.K. ESRI Press, pp.2-18. TUCCI, M., GIORDANO, A. & RONZA, R. W. 2010.  Using Spatial Analysis and Geovisualization to Reveal Urban Changes: Milan, Italy, 1737-2005. Cartographica. 1, 2010, Vol. 45, pp. 47-63. About the author: Alynne Almeida Affonso, 32 years old, is an oceanographer from the Oceanographic Institute of the University of São Paulo and holds a master's degree in Geographic Information Systems and Remote Sensing from the University College Cork (Ireland). After studying geological oceanography, marine sedimentation, coastal systems and processes, coastal management and learning how to make all kinds of maps and interpret satellite images, she is always searching for a career at the interface between exact sciences, humanities, and sustainability. #MarineScience #HumanOceanography #RemoteSensing #EnvironmentalHistory #Guests

bottom of page